segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Enquanto for possivel, viver



Seu olhar perdido no horizonte, quantas lembranças vinham a tona... E com nostalgia recordações surgiam de maneira quase palpaveis, era capaz de sentir perfumes e reviver sabores quase degustáveis.
Escapava-lhe um sorriso, discreto, dos lábios lembrando quão inocente havia sido durante toda a vida, mas não se arrependia, havia sido feliz, talvez não como gostaria, mas como deu pra ser.
Lembrava-se ainda de tamanho medo que sentia da morte, mesmo sabendo que era um mal inevitável, com o tempo a morte já não lhe assustava mais, e sim a forma como morreria e agora nem mais isso lhe assutava; recordava palavras de seus avós afirmando: "Todas as pessoas já nascem com seus dias de vida definidos e não há nada o que fazer quanto a isso". Recordava essas palavras que a fizeram entender que não valeria a pena sofrer por antecipação, independente de como viveria, só viveria aqueles dias. Então para que se maltratar para tentar postergar aquilo que era inadiável? Lutar contra o inevitável só lhe causaria mais dor, principalmente ao ver aqueles que ama com um olhar de impotência e de dó; por isso também assumiu, mais uma vez, o controle de sua vida e decidiu sentir seu mal sozinha, não havia motivos de aprisionar ninguém ao seu lado por pena; Não! de forma alguma isso não era do seu feitio.
E assim foi vivendo da melhor maneira possível, tentando levar de maneira natural a sua vida, ou o que restava dela...
As dores começam a aparecer; e medicamentos já não fazem mais efeito; não quer mais ir ao médico, pra que lutar contra o destino, e despertar raios de esperança que se desfalecerão em breve?! Sofria sozinha suas dores, e em silêncio, tinha plena consciência que ficaria cada dia mais fortes e incontroláveis; Já não tem mais a mesma agilidade, o mesmo controle e coordenação de seus movimentos, sente-se fraca e muitas vezes sem animo, compreende que a vida escapa-lhe aos poucos e nada poderá fazer.
Hoje já não sofre mais pela morte mas porque não viverá mais, contudo essa é a sua realidade, e por gostar tanto da vida uma coisa é decidida: Viver, como lhe for possível!

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